sexta-feira, 21 de junho de 2013

CASTIGO ENSINA?

CASTIGO ENSINA?

               

OS TERRÍVEIS
                A mãozinha rápida chega até o prato do pai: é só feijão, arroz e carne que voam para todo lado. A criança põe na boca a comida, semi-esmagada entre os dedos. Mais uma vez a refeição fica imprestável. Luiz Carlos, com 1 ano e meio, todo dia faz a mesma coisa. Embora a comida seja igual para todos, ele nem se interessa por seu pratinho.
                Agora, a mãe é a vítima; a comida novamente se espalha pela mesa e o bife tão apetitoso cai no chão. A mãe se irrita e lhe dá palmadas na mão, para acabar com essa brincadeira sem graça. Mas, com a punição, Luís Carlos se recusa de uma vez por todas a comer. Os pais desistem e deixam que ele saia da mesa. Lá vai Luiz Carlos para a sala; logo se ouve barulho.
                Sentindo um nó na garganta, a mãe interrompe o almoço e corre para a sala: cinzeiro e um vasinho espatifado no chão. De novo, Luiz Carlos leva umas palmadas para aprender a se comportar bem da próxima vez. Contudo, "a próxima vez" será igualzinha, à anterior. Como fazer com que Luís Carlos aprenda a se comportar direito na hora do almoço? Os pais supunham ter uma solução: "É um menino terrível, precisa de disciplina".
                Ana Luiza, 2 anos, adora mexer nos bonecos de porcelana da sala. Enche as mãozinhas com os bonequinhos chineses. A mãe sempre grita: "Não mexa nisso aí. Você vai acabar quebrando". Pura verdade. Um a um, os enfeites foram se despedaçando. Cada vez que um boneco era quebrado, a mãe dava uns tapas na menina e não cansava de dizer: "Assim não é possível, não posso ter mais nada em casa. Não sei o que fazer com essa menina. Está cada vez mais levada".
                Daniel, 3 anos, armava uma verdadeira batalha par tomar banho, para se vestir e para sair com os pais. Escondia-se embaixo da cama ou atrás da porta; quando descoberto, chorava desconsoladamente. Punir não esta resolvendo. A luta de Daniel continuava. Os pais não sabiam mais o que fazer com este "diabinho".
                Esses e outros comportamentos semelhantes são muito comuns em crianças pequenas. Os pais costumam considera-los como comportamentos indesejáveis, que decorrem da falta de disciplina.
                Mas será que a criança já esta madura para o aprendizado? Não se pode esperar que uma criança de três meses soubesse andar, e com um ano e meio ninguém aprende a ler. É inútil insistir, quando o aprendizado requer um grau maior de maturidade.
                Luiz Carlos, com um ano e meio, ainda não pode compreender a ideia: “Cada um com sua comida". O valor e a utilidade dos enfeites da sala estão acima da capacidade de entendimento de Ana Luísa. Reconhece que são bonitos e exatamente por isso tem curiosidade e procura conhece-los e brincar com eles. Daniel, por sua vez, que não se comporta direito na hora do banho, não tem condições de "compreender” o banho. Para ele, é apenas um hábito: mas, se foi castigado sucessivamente para aprender a se comportar no banho, acaba relacionando banho a castigo. E passa a chorar e reagir cada vez mais violentamente, pois para ele hora de banho passa a ser "hora de receber castigo". Nos três casos, as crianças ainda não são capazes de perceber quais os comportamentos adequados a determinadas situações; portanto, o fato de Luiz Carlos colocar a mão no prato dos pais não pode ser considerado como transgressão de limites impostos.

         REFORÇAR É IMPORTANTE
                O reforço positivo é o melhor caminho para o aprendizado. A Criança vai aprender o comportamento desejado pelos pais com muito mais facilidade se, desde as primeiras vezes, a hora de o banho associar-se à aprovação materna. "Você está segurando direitinho o sabonete". Com os elogios, a Criança sente-se recompensada, o banho passa a ser uma ideia ligada a satisfação. Quando Luiz Carlos estiver em idade de comer à mesa (talvez ele próprio tome a iniciativa), seu progresso serão ressaltados. “Muito bem, você está comendo como um homenzinho”. Firmeza e docilidade ao ensinar alguma coisa para a Criança ajudam a fixar o que deve o que não deve ser feito e o que deve ser evitado. Os gritos e ameaças dos adultos apenas dificultam o processo de aprendizagem, Por outro lado a curiosidade da Criança desempenha papel importante. No caso de Ana Luísa, que gosta de mexer nos enfeites da sala, essa curiosidade é compreensível, mas é evidente que a mãe precisa estabelecer algum limite. Tirar do alcance de Ana Luísa os bonecos de porcelana e substitui-los por outros que a Criança possa mexer satisfaz sua curiosidade, sem causar prejuízos. Reforçando os comportamentos aprendido se satisfazendo a curiosidade os pais colaboram de forma decisiva para o progresso de socialização.



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